quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Casa – Berço do caráter

Escrever sobre o tema surge da necessidade diária que nós conselheiros tutelares percebemos ao atuar e muitas vezes explicar nossa atuação e função para a sociedade, em tese somos culpados pela deficiência na formação de conduta da criança ou do adolescente adquirida ainda em berço familiar, é aí onde tudo inicia...
No seio familiar está à maior oportunidade para a criança conhecer e vivenciar uma educação com princípios éticos e morais, a criança aprende com o meio em que vive, se ela conhece uma boa educação, será herdeira da mesma, se ela é ensinada a ter virtudes, estas a acompanharão ao resto da vida.
Mas o que vemos na realidade, são famílias desestruturadas que deseducam seus filhos, revertendo os papeis, deixando muitas vezes que os filhos exerçam a função de pai e mãe, substituindo o que seria educação por uma liderança negativa dentro do lar, despertando medo, raiva ou desprezo por parte das famílias. As crianças e adolescentes ao sentirem falta de carinho, de conversa, ou do zelo familiar natural, iniciam a busca pelo que ela não encontra em casa e ela não sabe definir o que é, dificilmente a escola tomará o lugar da família, e chega a ser vitima deste desencontro pai-filho e também culpada pela deficiência na educação, outros casos constrangedores acontecem quando pais tentam “proteger” os erros do filho (a) acobertando “passando a mão na cabeça”, deixando para lá como se nunca mais fosse repetir certos acontecimentos, os filhos que por sua vez percebem que “podem” , descobrem uma super proteção, e sabem a quem recorrer durante os seus erros, não conseguem encontrar a volta, estes pais que não mostram para os filhos que toda ação tem uma reação e que cada ser humano tem que responder por seus atos, estes pais “coniventes” passam futuramente a ser as próprias vítimas, Estas totalmente fragilizadas e sem entender posteriormente culpam o Conselho Tutelar por seu fracasso...
A verdade é dura, mas os pais, fadigados pelo trabalho, dívidas, ou desemprego, costumam descarregar, suas lamentações nos filhos, algumas vezes maldizendo-os por isto, “Só não trabalho por que tenho que ficar com este vagabundo em casa” no inconsciente de uma criança tudo isto fica gravado, juntamente com algumas perguntas: “Porque ele não gosta de mim? Por que eu nasci? Por que minha mãe me odeia?” gerando assim revoltas e distúrbios de comportamentos diversos, por outro lado uns tentam cobrir a ausência familiar com presentinhos, denguinhos, desculpinhas, porém o carinho... A família tem vergonha de sentar, aconselhar, beijar, abençoar, dizer uma boa noite ao filho.
Os filhos são reflexo não dos pais, mas da forma com que foram criados pelos pais, se o pai ou mãe se mostram pessoas agressivas, naturalmente o filho o será, a educação de casa é a que predomina no caráter do homem...

Maria Francelly Soares Bento
Estudante do curso de Pedagogia
Educadora social
Conselheira Tutelar

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